Editora: Seguinte
Autor: Alwyn Hamilton
Número de páginas: 288
Sinopse:
O destino do deserto está nas mãos de
Amani Al’Hiza ─ uma garota feita de fogo e pólvora, com o dedo sempre no gatilho.
O deserto de Miraji é governado por
mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há
boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda
maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você
é pobre, órfão ou mulher.
Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar
de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue
escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro
um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.
Para Amani, ir embora dali é mais do
que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando
num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro
misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que
conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.
Resenha
“Você nunca quis algo com tanta força que se tornou mais do que um simples desejo?”
Amani,
a Bandida
dos Olhos Azuis, sim. E muito!
Após dezesseis anos — quase dezessete, ela
diria — imaginando deixar para trás a Vila
da Poeira para conquistar sua liberdade, Amani Al’Hiza tem a
possibilidade de concretizar seu desejo ao seguir até uma cidade chamada
Tiroteio — nome mais do que sugestivo —, vestindo-se de garoto para entrar em
uma competição que pode modificar seu futuro ou tornar sua vida ainda pior. É
nesta aventura, repleta de pessoas apostando e torcendo para faturarem uma boa
quantia em dinheiro, que ela mostra para nós, leitores vorazes, o quão
determinada é e também um dos motivos pelos quais é, de fato, A Rebelde do Deserto.
Nesta competição, na qual ninguém quer sair
perdendo, podemos conhecer um pouco mais a personagem e também descobrir aquilo
que ela faz de melhor: atirar. Assim, a Bandida mostra suas habilidades e acaba
atraindo a atenção de um forasteiro mais do que misterioso e tatuado, a Cobra do
Oriente, que se torna mais um crush
literário para a nossa coleção: Jin. Tão rebelde quanto a protagonista, e apenas
alguns anos mais velho do que Amani, ele já a
conquista de imediato mesmo que ela não seja uma das garotas mais fáceis de
lidar.
É a partir deste encontro, de muitos tiros e
uma parceria para lá de louca — e perigosa para ambos — que a Bandida dos
Olhos Azuis e a Cobra do Oriente têm suas vidas entrelaçadas (e
quando digo isso não é apenas no sentido romântico da coisa, porque esses dois
se envolvem em muitas confusões e aventuras, quase sempre juntos, é claro) e
que embarcamos nessa trama que mistura um pouco de tudo: aventura, ação,
suspense, romance e uns momentos cômicos, estes proporcionados pela
personalidade peculiar da protagonista, o que, para mim, é um dos pontos mais
importantes da narrativa. Assim, por mais que esta parceria seja improvável,
Jin e Amani montam em um buraqi — um
cavalo mágico do Oriente — para fugirem do exército do sultão.
Amani Al’Hiza é o tipo de garota que sabe o
que quer, inteligente, que luta pelo que acredita e que não sabe controlar a “boca nervosa” porque, nem nos momentos
de maior tensão, consegue evitar dizer aquilo que pensa, normalmente utilizando
seu sarcasmo — o que me fez rir algumas vezes, percebendo o quão bem construída
a personagem foi. Há ainda o fato de Amani ser bem madura; ela tem consciência
das decisões mais sábias a serem tomadas e questiona as imposições do regime
político de seu país, tendo um olhar especial para o modo como as mulheres são
subjugadas e como, se ela permanecesse presa à Vila da Poeira sob a tutela dos
tios — já que é órfã —, sua vida seguiria os mesmos rumos que os da maioria das
mulheres do deserto.
Foi com a Bandida dos Olhos Azuis que
consegui captar uma das lições mais bonitas do livro: o quão importante é
permanecermos determinados, acreditando que teremos a possibilidade de
conquistar aquilo que mais desejamos, mesmo que este desejo mude ao longo do
caminho — o que é o caso de Amani. E é isto que ela faz, mesmo com todos os
medos, os problemas e os ataques inesperados — acreditem, no meio do livro eu
já estava acostumada, sempre pensando que alguém ou algo surgiria inesperadamente.
Isso apenas mostra que, se alguém achava que A Rebelde do Deserto seria um
livro parado, se enganou. A cada capítulo temos a oportunidade de conhecer os
mistérios do deserto, as lendas e a história de um povo que convive com a magia
e seres fantásticos (buraqis, rocs, djinnis, demdjis, carniçais...).
Não posso falar muito — embora vocês já tenham
percebido o quanto gosto de fazer isso —, pois acabarei soltando milhares de spoilers. Contudo, o que preciso dizer é
que enquanto escapa pelo deserto e se envolve em mais confusões, Amani
depara-se com uma rebelião que cresce cada vez mais, ganhando adeptos contra as
imposições do sultão. É neste momento que ela desvenda o verdadeiro deserto e também descobre um pouco mais sobre si mesma.
Gostei muito do livro e achei a história bem
construída, com personagens que encantam especialmente pela garra que possuem.
Além disso, a linguagem é fluida e cada capítulo é mais instigante do que o
outro. Narrado em primeira pessoa, nele vemos os pontos de vista de Amani
Al’Hiza em uma saga que inicia-se nos mostrando as maravilhas do deserto e que
nos deixa com gostinho de “quero mais”. Ainda bem que A Rebelde do Deserto é apenas
o primeiro livro e que o segundo, já lançado no Brasil com o título A Traidora do
Trono, está à venda nas livrarias. Se você gosta de livros que mesclam
de tudo um pouco, A Rebelde do Deserto é para você.
Uma nova alvorada e
um novo deserto para todos nós!
Por : Dayana Jones
Por : Dayana Jones
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