Nesta competição, na qual ninguém quer sair
perdendo, podemos conhecer um pouco mais a personagem e também descobrir aquilo
que ela faz de melhor: atirar. Assim, a Bandida mostra suas habilidades e acaba
atraindo a atenção de um forasteiro mais do que misterioso e tatuado, a Cobra do
Oriente, que se torna mais um crush
literário para a nossa coleção: Jin. Tão rebelde quanto a protagonista, e apenas
alguns anos mais velho do que Amani, ele já a
conquista de imediato mesmo que ela não seja uma das garotas mais fáceis de
lidar.
É a partir deste encontro, de muitos tiros e
uma parceria para lá de louca — e perigosa para ambos — que a Bandida dos
Olhos Azuis e a Cobra do Oriente têm suas vidas entrelaçadas (e
quando digo isso não é apenas no sentido romântico da coisa, porque esses dois
se envolvem em muitas confusões e aventuras, quase sempre juntos, é claro) e
que embarcamos nessa trama que mistura um pouco de tudo: aventura, ação,
suspense, romance e uns momentos cômicos, estes proporcionados pela
personalidade peculiar da protagonista, o que, para mim, é um dos pontos mais
importantes da narrativa. Assim, por mais que esta parceria seja improvável,
Jin e Amani montam em um buraqi — um
cavalo mágico do Oriente — para fugirem do exército do sultão.
Amani Al’Hiza é o tipo de garota que sabe o
que quer, inteligente, que luta pelo que acredita e que não sabe controlar a “boca nervosa” porque, nem nos momentos
de maior tensão, consegue evitar dizer aquilo que pensa, normalmente utilizando
seu sarcasmo — o que me fez rir algumas vezes, percebendo o quão bem construída
a personagem foi. Há ainda o fato de Amani ser bem madura; ela tem consciência
das decisões mais sábias a serem tomadas e questiona as imposições do regime
político de seu país, tendo um olhar especial para o modo como as mulheres são
subjugadas e como, se ela permanecesse presa à Vila da Poeira sob a tutela dos
tios — já que é órfã —, sua vida seguiria os mesmos rumos que os da maioria das
mulheres do deserto.
Foi com a Bandida dos Olhos Azuis que
consegui captar uma das lições mais bonitas do livro: o quão importante é
permanecermos determinados, acreditando que teremos a possibilidade de
conquistar aquilo que mais desejamos, mesmo que este desejo mude ao longo do
caminho — o que é o caso de Amani. E é isto que ela faz, mesmo com todos os
medos, os problemas e os ataques inesperados — acreditem, no meio do livro eu
já estava acostumada, sempre pensando que alguém ou algo surgiria inesperadamente.
Isso apenas mostra que, se alguém achava que A Rebelde do Deserto seria um
livro parado, se enganou. A cada capítulo temos a oportunidade de conhecer os
mistérios do deserto, as lendas e a história de um povo que convive com a magia
e seres fantásticos (buraqis, rocs, djinnis, demdjis, carniçais...).
Não posso falar muito — embora vocês já tenham
percebido o quanto gosto de fazer isso —, pois acabarei soltando milhares de spoilers. Contudo, o que preciso dizer é
que enquanto escapa pelo deserto e se envolve em mais confusões, Amani
depara-se com uma rebelião que cresce cada vez mais, ganhando adeptos contra as
imposições do sultão. É neste momento que ela desvenda o verdadeiro deserto e também descobre um pouco mais sobre si mesma.
Gostei muito do livro e achei a história bem
construída, com personagens que encantam especialmente pela garra que possuem.
Além disso, a linguagem é fluida e cada capítulo é mais instigante do que o
outro. Narrado em primeira pessoa, nele vemos os pontos de vista de Amani
Al’Hiza em uma saga que inicia-se nos mostrando as maravilhas do deserto e que
nos deixa com gostinho de “quero mais”. Ainda bem que A Rebelde do Deserto é apenas
o primeiro livro e que o segundo, já lançado no Brasil com o título A Traidora do
Trono, está à venda nas livrarias. Se você gosta de livros que mesclam
de tudo um pouco, A Rebelde do Deserto é para você.
Uma nova alvorada e
um novo deserto para todos nós!
Por : Dayana Jones
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