Resenha: Dragões de Eter | Raphael Draccon

Título: Dragões de Eter
Autor: Raphael Draccon
Editora: Leya
Páginas: 438 + 495 + 535 = 1.468 
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível. 
Sinopse: As lendas e histórias que todos nós ouvimos quando crianças ganham vida. A vida baseada na crença de cada ser humano criou o mundo de Nova Ether. Nesse local, os personagens fantásticos - João e Maria, Chapéuzinho Vermelho, Três porquinhos - possuem vontade, desejos e vida própria. A mistura entre contos de fadas e histórias de castelos e batalhas épicas de mundos medievais. Somos convidados a embarcar nesse crossover cheio de referências infantis e lendas inimagináveis.
                                                                   Resenha

A história se passa num continente etéreo de Nova Ether, onde a principal premissa para que ele exista é a crença dos humanos. Nesse mundo fantástico estão abrigados os personagens das histórias infantis. Histórias como João e Maria e o sequestro pela bruxa na casa de doces ou Chapéuzinho Vermelho, na fuga do lobo, ou até Os três porquinhos - soprar, soprar até cair. Nas mãos de Raphael Draccon, esses clássicos infantis são repaginados como se fossem histórias de serial killer - especialmente a da Chapéuzinho. 

E, nesse mundo etéreo com personagens fantásticos, a história do reino de Arzallum, onde esses personagens habitam, que a mistura do encontro entre os contos de fadas clássicos e histórias épicas - como a história do rei Arthur, onde essa trilogia foi inspirada.

Abaixo, uma sinopse de cada um dos livros. Acho que, sem dar nenhum tipo de spoiler, fica difícil de escrever sobre, mas acho que consigo.

Vol. 1 - Caçadores de Bruxas:

 "Foi a época em que caíram fadas. Em que nasceram bruxas. Em que destronaram Reis. Dragões geraram-se do éter e príncipes se tornaram sapos. Uma época em que semideuses andaram na terra dos homens e abençoaram pessoalmente os homens de muitos contos.
E então, as bruxas desafiaram as fadas. E os homens desafiaram as bruxas.
Foi assim que nasceram as caçadas.
Foi assim que nasceram os caçadores." 


O primeiro volume dessa história conta a história de Primo Branford, o mais corajoso de três irmãos. O rei de Arzallum que, para construir seu reinado, teve que lutar contra bruxas para garantir a paz. Paz essa que pode estar sendo ameaçada por alguns acontecimentos estranhos na capital. O retorno do navio pirata mais famoso do continente de Nova Ether, além de uma guerra entre duas facções prestes a explodir e o retorno das bruxas caçadas por Primo Branford.

Vol. 2 - Corações de Neve:


- Sabe, na prisão, entre o intervalo de uma tortura e outra, o sentimento que se acumula inicialmente é o de revolta - Locksley concordou.  
- Só que tais sentimentos entram em conflito com a palavra do Criador. Não sabia aonde encontrar o amor com o coração tão cercado de ódio.  
- O amor se encontra na liberdade. 
- Mas a liberdade é um ato interno. - Apenas para o homem que vive de joelhos."

O segundo volume começa após o fim da crise do retorno da bruxa e com o reino em luto pelo rei Primo Branford. Ariane Narin (a melhor personagem patricinha que você respeita) começa a sua iniciação para se tornar, digamos, a maior maga existente, já o principe Axel Branford treina para o torneio "Punho de Ferro" que, além da honra do reino de Arzallum, representa algo maior para o jovem guerreiro, os irmãos João e Maria descobrem a ligação que possuem com mágica das trevas, e um prisioneiro, há muito preso, se liberta, prometendo continuar a rebelião de 20 anos atrás e trazer desordem ao mundo de Nova Ether. E o mundo mudará outra vez.

O segundo livro, com a mesma fórmula do primeiro - incorporar histórias infantis a um conceito de aventura épica - inclui novos mundos e personagens, trabalha a trama e a personalidade dos, que eu julgo ser os principais personagens dessa trilogia - os irmãos João e Maria, o princípe Axel e a garota Ariane - são aprofundadas ao extremo. A inteligência de Maria, a coragem de João, a fibra de Axel e o carisma de Ariane são a chave desse segundo livro - além do "prisioneiro", que, possui pouco papel no livro, mas, quando sua identidade é revelada, sem sombra de dúvidas, é uma explosão de cabeça - ou plot twist.

Vol. 3 - Círculos de Chuva:

"Não houve gritos de guerra. Não houve discursos inflamados.
Apenas as lágrimas das famílias em espera, que caíam em poças de água sujas, e apenas os anéis de água que iam sendo formadas pelas lágrimas da chuva que tocavam a água escura do mar.
E não importava se os círculos concêntricos eram formados pelas lágrimas dos homens ou pelas lágrimas da chuva. A cada vez que aqueles reflexos oriundos do toque da água em duas formas diferentes formavam outros círculos, fossem nas poças escuras, fosse no mar sombrio, a impressão que se tinha sempre era a mesma.
Quando o dia amanhecesse, as primeiras batalhas já teriam começado.
Aqueles malditos círculos eram círculos de chuva."

O terceiro volume da trilogia Dragões de Éter começa com o fim do torneio "Punho de Ferro" e, caso você, leitor, goste de situações dramáticas, como os últimos capítulos de "Anjos e Demônios" de Dan Brown, vai gostar dessa resolução. Logo após essa resolução, um pacto de não-invasão entre Arzallum e Brobdignag, a Terra dos Gigantes é quebrado por causa de uma criança e uma guerra sem precedentes ameaça a vida no continente. A fórmula ainda é a mesma, mas o componente histórico e "fantasioso" acaba dando lugar para o drama humano, que também é vivido por um personagem de contos de fadas, um drama que todo ser humano tem que passar um dia - e que venhamos e convenhamos, é bem assustador.

Concluindo...

Raphael Draccon utiliza com maestria o recurso de falar diretamente com o leitor, a quebra da quarta barreira, tanto para explicar uma cena importante, como para diminuir um clima de tensão que uma cena "horripilante" possa causar em olhos mais sensíveis. 

Quero dizer que é muito difícil falar de uma obra tão complexa sem dar spoilers. "Dragões do Eter" é uma obra que envolve tantos outros aspectos que, para não estragar a experiência de leitura, não posso contar por aqui, mas que essa obra é capaz de prender o leitor durante essa longa viagem de quase 1500 páginas (lidas em 2 semanas) numa mistura original que seria, por si só, um prato cheio para a curiosidade do mais ávido leitor, ainda possui referências a castelos, magias, heróis e heroína (a Ariane é MESMO uma das personagens mais carismáticas que eu li), ingredientes que combinam perfeitamente, resultando nessa trilogia fantástica, que não pode passar despercebida para os amantes de fantasia e literatura nacional.


Escrito por Alvaro Dias

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