Resenha: Enquanto Houver Tempo | Paola Scott

Título: Enquanto Houver Tempo

Editora: The Gift Box

Autor: Paola Scott 

Número de páginas: 340

Classificação:  

Sinopse: “Dizem que a vida inteira passa diante dos seus olhos quando você está morrendo. Porém, o que não dizem, é que a vida que não viveu também te atinge em cheio nesse momento.
Dor...
Medo...
Arrependimento...”

Dante, um respeitável homem de negócios, é obrigado a dar uma pausa no ritmo frenético no qual vive. Por sugestão da irmã, viaja para um lugar com hábitos totalmente diferentes aos quais está acostumado. E quando o tédio e desânimo parecem abater esse workaholic, uma pessoa o fará repensar o modo de enxergar a vida. 
Gaia vive para a terra, para o cultivo das maçãs e para os seus animais de estimação. Com a filosofia de viver cada dia como se fosse um novo presente da vida, essa mulher de expressão serena desperta o interesse no homem refinado, porém deslocado, que chega à região.
De repente, ambos parecem se completar. 
Enquanto houver tempo, é possível mudar o rumo de duas vidas?

Resenha

Algumas vezes o destino nos faz rever o caminho que escolhemos...

Dante Castelli está acostumado a ter o controle de tudo em sua vida. Sua determinação o fez alcançar o topo em muitos aspectos, mas é apenas quando sofre um infarto que ele reflete sobre as escolhas que fez e percebe que, ao longo dos anos, talvez tenha perdido muito tempo. 

Eu achava que tinha tudo o que precisava. Só não tinha controle do próprio tempo. Não via que os dias estavam passando. Não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que eu estava cada vez mais sozinho.

Seguindo os conselhos da irmã (depois de relutar bastante) em busca de um pouco de calmaria para a sua vida de workaholic, Dante aproveita as semanas de férias forçadas para conhecer Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina, um lugar maravilhoso e o destino ideal para quem está em busca de recuperação, tranquilidade e paz. O que ele não podia imaginar era que conheceria Gaia, uma mulher especial, capaz de fazê-lo descobrir e aproveitar as maravilhas da terra e os prazeres de viver — em todos os sentidos. Mas será que ele está preparado para abdicar de tudo que conquistara até então? E Gaia, qual o segredo que a impede de se entregar aos novos sentimentos que a dominam?

Por que tudo tem que ser tão rápido? Tão imediato? Acho que as pessoas perdem muito com essa pressa.

Logo no início da leitura, Enquanto Houver Tempo encanta pela narrativa envolvente, que desnuda os personagens para os leitores com maestria. Dante e Gaia são personagens maduros, não apenas pela idade, mas pelo modo como se impõem, agem, aprendem com os erros e refletem sobre as escolhas que fazem. Este é um dos motivos pelos quais me apaixonei pela história — na verdade, ela em sua totalidade me encheu de amor. A interação entre Dante e Gaia é forte e intensa desde o princípio, mas cresce gradualmente muito por conta do fato de ambos terem seus receios e convicções, cada um ao seu modo sabendo muito bem o que quer; e porque acham que não devem se entregar a um sentimento inesperado.

O tempo sempre será curto, se você pesar que está deixando para viver depois. [...] Mas a vida é assim. Por isso não devemos ficar esperando. Nunca se sabe qual será seu último dia aqui na Terra. Ou o último dia das pessoas que você ama.

Embora Dante seja um homem com boas condições financeiras e isso o propicie várias coisas, tal fato só ganha relevância na história no momento em que ele percebe que o dinheiro que possui pode ser útil para ajudar a salvar alguém que se tornou muito especial em sua vida. A simplicidade, a vida agradavelmente bucólica e a maneira como os personagens são tão diferentes e, ainda assim, descobrem o amor juntos impera na narrativa. O livro concede foco especial àquilo que realmente tem relevância: as pessoas que amamos, nossos desejos, a vontade de viver. O enredo trata muito sobre a maneira como devemos deixar de negligenciar o que importa em troca de algo que pode parecer bom mas que, na verdade, nos corrói aos poucos — com esta obra, você vai refletir muito sobre o modo como conduz a sua vida e isso é, sem dúvida, incrível. A narrativa não expõe apenas dois personagens apaixonantes, mas nos permite rever nossas decisões, prioridades e escolhas. Nesta perspectiva, Enquanto Houver Tempo traz como lição a necessidade de alcançarmos um ideal que nos faça transbordar da melhor maneira possível e esboça muito as consequências das nossas escolhas, as possibilidades que estão sempre a postos para serem ou não aceitas.

Inspire fundo e ao soltar o ar, dispa-se de toda raiva, rancor ou tristeza. Olhe ao redor e abra seu coração para o que a natureza te oferece, aqui e agora.

Enquanto Dante é, por um lado, relutante com as mudanças que a vida lhe impõe, Gaia as aceita com a naturalidade de quem sabe que mesmo as adversidades podem ser o ponto de partida para a superação e a gratidão com a dádiva que é a vida. Em meio à relação do casal, temos a oportunidade de conhecer, sob o ponto de vista deles, a beleza local, a maneira como aceitar as situações pode ser difícil e o modo como o amor, às vezes, chega devagar, mas domina tudo.

O coração é assim mesmo, Dante. Nem sempre ele avisa. Às vezes, só vai lá e sente.

Os personagens secundários também são especiais, pois cada um ao seu modo contribui com o andamento da história, o que evidencia a maneira pela qual a autora trabalhou bem a trama como um todo. Na narrativa não há vilões, todos são humanos em demasia; é a vida que se impõe com suas felicidades, mazelas e escolhas.

— Não existe a menor possibilidade de eu olhar novamente para uma maçã e não me lembrar de você, Gaia. 

O enredo é muito bem construído e ao longo da narrativa nos deparamos com os pontos de vista do Dante e da Gaia de um jeito tão encantador e verdadeiro que, antes mesmo de terminar a leitura, senti saudade da história e dos personagens. Muita mesmo! As últimas páginas foram desesperadoras — tudo podia acontecer — porque eu não queria concluir a leitura, pois este livro me abalou da melhor maneira possível. Fiquei pensando bastante sobre como cada um de nós tem muito da Gaia e do Dante, na maneira como corremos contra o tempo quando, na verdade, queremos apenas desfrutar das coisas boas que ele tem a oferecer. Este livro me marcou de muitas formas e, ainda hoje, penso em todas as sensações que ele me proporcionou. Me envolvi com a narrativa, amei como a Paola Scott trabalhou problemas reais e entre eles um que, infelizmente, não temos muito conhecimento.

Como conviver com algo que te fortalece e que ao mesmo tempo te aniquila?

Recomendo muito a leitura desse livro que se tornou um dos meus preferidos. Que tal conhecer a Gaia e o Dante e se apaixonar pela história de vida de ambos? Vale muito a pena!