A MORTE DO JORNALISMO?
Título:
JORNALISMO E ACONTECIMENTO
Editora
INSULAR
1º
EDIÇÃO 2012
248
PÁGINAS
Organizadores:
Beatriz Marocco, Christa Berger, Ronaldo Hen
Na escola se aprende a forma, o número de toques,
aprende-se a digitar, aprende o “que, quando e como”- que hoje é usado para
desvendar a rotina das celebridades. Nada mais do que isso. Nada mais “IN”. Os
jornalistas que levam tais matérias se acham muito “IN”? Só se forem INsanos. Se chamar atenção para o jornal
depender disso, o título da matéria está correto. Morreu mesmo.
Em grande percentual o jornalismo trabalha com as noticias
de novela, as surpresas do capítulo futuro, bundas na revista Caras e marcas de
geladeira no formato de filosofias. Em
verdade, em verdade vos digo que estão muito dominados. Jornalistas, com a
desculpa da sobrevivência, limitam-se a montar jornais de propaganda. Acho que
não devem sobreviver, mesmo. Dominados pela moda, dominados pela mídia MAJOR,
dominados pelo chefe ou chefa – cujo olhar não vai além do nariz – morrem pelos
cantos. Os anos acadêmicos de nada serviram. Não se forja um jornalista na
escola, apenas se o aparelha. Escrevemos. Contamos causos. Somos faladores e
escritores contumazes. Noticiamos na fofoca ou na mensagem pela NET. Não
adianta espernear, nem fazer um
quadrinho de oito do diploma e esfregar na cara do resto do mundo. Esse
quadrinho nada vale. Esse quadrinho é biquinho. Biquinho de quem choraminga. O
que vale é o talento, sempre. Somos e geramos e editamos notícias e muitos
viverão disto, com ou sem diploma. O que temos que discutir é a revolução que
as novas mídias trouxeram pra o modo de pensar do cidadão.
Isso
sim é importante.
É
ir além. O que muda nestes tempos? Onde os veículos se rediscutem em formato e
tendências? Porque o jornalismo das grandes redes faz só fofoca? Devemos dar
canudos pra fofoqueira do teu bairro, então? Quantos dias faltam pra morrer o
jornal impresso que não passa de fetiche? O de Los Angeles já foi. Tem a ver
com a morte da qualidade na grande imprensa? E, o Maiquel Jéquiço, foi
enterrado ou não foi?
Bia Werther diz e muita coisa deste texto é baseado em seus
escritos: “A revolução na notícia se dá quando ela transcende o furo do dia e
vira história, não apenas manchete lavada no papel reciclado de amanhã”. Daí a MORTE
DO JORNALISMO. Desde os anos 70 se previa que manifestações como ARTES DAS RUAS
e NOVAS MIDIAS fariam aparecer a voz do humano comum. E, o humano comum, nunca
teve a palavra para si. Sempre falam em nome dele. Padres ,
pastores, vereadinhos de plantão, deputadinhos, seniladores com dores e
artralgias crônicas. Enfim, autoridades. A pessoa comum, quando fala, fala de
acordo com a moda, como manda o figurino, para que o editor não corte o
discurso pois “pega mal”. E cineastas vários previam as religiões eletrônicas e
a morte dos livros. Ninguém deu trela. Era mais um programinha para se entreter
enquanto a diaba Xuxa fazia das dela com a teta na cara das crianças. E quem
pode afirmar que responder a pergunta ainda não formulada não é jornalismo?
Sim... sim... a pergunta! Sem o “como
quando onde porque” sagrados? E não somos jornalistas? Da fofoqueira ao dono da
padaria.
O
que diz Bia Werther?: “Acaso a diferença não se apresenta na editoria da
matéria, mais ou menos livre, tendo cada um a sua tendência? O limite das
laudas, o conceito de furo, o furor, o caixeiro viajante da notícia”. Há necessidade do papel, ou basta um PDF pela
rede? Pode ser documentário em filme? Em vídeo? Através
da TV? Pode ser um Messenger? Blogs e novas mídias são o meio do futuro/hoje.
Abram os olhos por que o futuro é esse que você vê passar pela janela e pensa
que ainda virá. Na verdade o que não existe é o hoje.
Se
você não tem acesso à mídia informatizada é por que os poderosos te querem
alienado. Pau neles!! Gay Talese falava do “noticiar o humano comum”,
coisa que a imprensa do formato quadrado – tradicional - diz que é um jornalismo de vanguarda. Falar
do humano comum pode ser o caminho para falar da Cultura da Paz. As margaridas
do campo não são motivo de notícias, mas as mortes e o sangue alheio são. Esta
é a opção que temos? Será que você leitor não entende que precisa de um
analista urgente? A PolitiCanalha não fará a sua parte ou teremos que ensinar,
mais uma vez a essa gente que não sabe ler, não sabe interpretar, não sabe
entender, como se deve legislar?
Ocorre que
escrevemos as novidades; contamos a história do nosso tempo. Muita vez nos
repetimos. Quem vai impedir? Terei que andar com um plástico no carro dizendo:
“Não faça história antes de consultar um jornalista?” O que fazer com os
blogueiros diários? Não são milhares deles jornalistas – pois, diários - sem canudo? Como regulamentar, como impedir
alguém de publicar o que quiser, quando quiser?
Para
ser escritor tem que ter diploma, também? Estamos em meio a milhões de notícias
do ser humano comum que não tem nenhum destaque na grande mídia e não dá
matéria aos olhos da imprensa que
já não vende tanto jornal como outrora, a não ser que Obama
olhe Obunda da brasileira. É preciso
canudo pra noticiar isto?
Ninguém
perde o emprego de jornalista se for bom. Se tiver tino. Se tiver talento. Mas
se é tão importante, pombas!, enquadrem o canudo! Que a moldura lhe seja leve.
Títulos, e mais títulos, e, que tais, que moldam e formatam a figura da autoridade
no assunto. Na vida real a mudança permanece
e o ser humano, sem canudo,
continuará com suas mensagens, seja ele médico, músico, filósofo, artista
plástico, ou açougueiro, escrevendo, cantando ou gritando na rua, batendo
a claquete, pintando o muro. Jornal de bairro,
Fanzine, Rádio, TV comunitária ou não, Blog.
Porque quem tem o que dizer arranjará uma folha de papel, higienizado de
preferência, um microfone e mandará ver. E se for bom, vai viver disto.
Profissional. E dane-se o resto pois, o resto é restolho do restolhão, com
precariedade de talento e falta de mufa pra queimar.
Novamente Bia
Werther: “E afinal, quando os
jornalistas, que deveriam ter a cor da novidade, se assustam com o novo é que,
realmente, a morte é iminente. Mas morte é só vida. Mil novas faces; mil novas
línguas; tantos milhões de veículos quanto de gente no planeta”.
Falai e
multiplicai-vos.
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