Resenha: Filha é Filha | Mary Westmacott (Agatha Christie)

Título: Filha é filha
Autor: Mary Westmacott (pseudônimo de Agatha Christie)
Editora: L&M
Páginas: 246
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.
Sinopse: O livro conta a história de Ann Prentice e Sarah Prentice – mãe e filha – durante o espaço de tempo de 3 anos. Enquanto a filha é uma adolescente entrando na fase adulta – cheia de sonhos, embora pé-no-chão para realiza-los, a mãe apenas busca viver uma vida tranquila de uma senhora de meia idade.  O destino delas começa a mudar quando, após uma viagem de 3 semanas, Sarah retorna para casa e sua mãe está de casamento marcado. 
                                                    Resenha

O livro mostra uma outra vertente da tão conhecida autora – já falamos dela por aqui (post) – conhecida como “A rainha do crime”. A vertente encaminhada por Agatha com esse pseudônimo busca o conflito com o lado humano entre os personagens. No caso, Sarah, que é uma menina independente e busca cuidar da mãe por medo das escolhas imprudentes que acha que Ann faz, e Ann que busca a paz de uma vida confortável em sua meia idade, e uma companhia para passar o resto dos dias.   O contraste de personalidade entre mãe e filha é notado através da relação que ambas possuem com outras personagens centrais da trama: Edith, a criada que é considerada amiga da família por estar na casa há tempos e – pra mim, a personagem mais fantástica do livro – Dame Laura Whistable, uma espécie de “guru”, psicóloga, “grande sábia” e madrinha de Sarah, que busca guiar as personagens a encontrar a felicidade. Parece poético, mas ambas tentam ensinar as duas de uma maneira não-convencional. Elas têm a função de ciceronear as personagens fazendo com que ambas encontrem um sentido em ambas as decisões tomadas “pela outra”.  A estrutura do livro é dividida em 3 atos diferentes. Cada um deles, contando um ano da história das personagens. Se eu pudesse intitular cada ato, sem spoilerentitularia como: “A decisão de Ann”, “A queda de Sarah” (quando escrevo Sarah, sempre vai pro automático para escrever Sarahah) e “Redenção”. Embora o livro seja publicado pela L&M Books (bem antigo, por sinal), cada ato tem cerca de 70 páginas. E em cada uma delas, eu sentia que, em algum momento, a Agatha Christie dos livros de Poirot – e o livro que me dá mais medo até hoje – O caso dos dez negrinhos – iria despertar e iria rolar um assassinato daqueles “insolúveis” em que ela viria com uma explicação genial. Entretanto, infelizmente, não é o que acontece.  
Não posso contar o final do livro, entretanto, por vir de quem veio, foge de toda a expectativa. 

Concluindo: 

Algumas notas devem ser consideradas para quem quiser ler esse outro lado da genial Agatha Christie: 


1) Embora o livro tenha 246 páginas, é um livro que, com tempo, é possível ler em um dia. Eu li em 2, mas dedicando de 2 a 3h por dia; 
2) Embora seja um livro da Agatha Christie, não é um livro da Agatha Christie. Não espere as características dela dos livros investigativos. Para mim também foi uma revelação saber que ela escreveu livros com o sentido psicológico buscando “entrar e entender” a mente humana. É uma vertente diferente e deve ser considerado esse fator durante a leitura. 

Considerando esses dois pontos e tendo em mente que não é o tipo de livro que eu costumo/gosto de ler (não escolheria esse livro se por um acaso, a autora fosse “Mary Westmacott”), é um bom livro. A partir do momento em que eu desencanei de encontrar todos os sinais de escrita da Agatha, comecei a gostar mais dele – a partir do segundo ato – e, embora os dois primeiros atos relatem apenas as escolhas das personagens, o terceiro ato vem com as conclusões esperadas, mas não menos interessantes dessa história que permeia o sentimento humano entre uma mãe e uma filha. Já testemunhei isso pessoalmente, as escolhas egoístas ou não, e seus devidos resultados.  
Eu sei de alguns outros autores que possuem pseudônimos para escreverem livros diferentes do seu estilo habitual – um exemplo interessante brasileiro é o autor Fábio Yabu, conhecido por escrever livros e séries infantis como “Princesas do Mar”, possui um “alter ego” chamado Abu Fobiya que escreveu o fantástico livro “Branca dos Mortos e os sete zumbis”, com a versão mais adulta e com um toque de terror dos contos infantis que nos são contados desde que éramos crianças, mas não sabia a respeito da Agatha Christie. Vocês gostam de escritores que possuem pseudônimos? Leram ou leem algum até hoje? Tem indicações de livros? 

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