Resenha: Uma Chance Para Recomeçar | Diana Scarpine

Título: Uma Chance Para Recomeçar
Editora: Pandorga
Autor: Diana Scarpine 
Número de páginas: 432
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.

Sinopse: Carina é uma workaholic rica e bem-sucedida cuja vida se resume ao trabalho. Afogada em estresse, ela não se importa com a solidão que habita seu coração, pois o amor nunca foi uma das suas prioridades, até que algo inusitado acontece. Repentinamente, ela se vê privada do trabalho e deseja aplacar a solidão que a consome, principalmente quando conhece Aurélio, que a trata de uma forma diferente da qual ela está acostumada. Consumido pela tragédia que vitimou sua família e deixou-lhe sequelas físicas e emocionais, Aurélio não quer nada além de se afundar cada vez mais na dor e na culpa que sente. Suas certezas começam a ficar abaladas à medida que Carina se aproxima cada vez mais dele. Quantos obstáculos precisam ser vencidos para recomeçar? O amor é capaz de vencer as amarras do passado e o preconceito?



Resenha

Um conto de fadas moderno e que nos mostra que o clichê da beleza interior é real e verdadeiramente essencial.


Questionei-me como mãos disformes como aquelas poderiam ser tão suaves e proporcionar uma sensação tão gostosa de bem-estar.

Carina é uma workaholic que administra a rede de supermercados da família, mas que, inesperadamente, sofre paralisia facial em um dos lados do rosto, fato que a desestabiliza e a faz pensar que pode estar perto do fim quando, na verdade, o acontecimento lhe propicia inúmeras descobertas, incluindo o amor. Apesar de todos os problemas que enfrenta, as inseguranças e a solidão, Cal é uma mulher amável e bondosa, mas que sofre com os efeitos da vida que leva. Em meio ao período de fisioterapia, Carina decide fazer massoterapia para aliviar o estresse acarretado por sua rotina e, através disso, conhece Aurélio, um homem amargurado pelas mazelas da vida e que perdera a família em um grave acidente de carro.


Mas a impressão que eu tinha é de que ele não fazia, ou não queria fazer, parte da realidade em que nos encontrávamos e que trazia em si um grande pessimismo.

Além disso, Aurélio mantém as marcas deste fatídico dia em seu corpo, pois ficou cego e teve grande parte do corpo queimada. A vida não é fácil para Cal e Aurélio, mas eles não poderiam imaginar que um encontro inesperado, em uma sessão de massoterapia, reservaria grandes surpresas e o amor. 


Esse era o meu mundo: completamente escuro e sem sentido. Eu era como um tronco de árvore morto e castigado pelo fogo, do qual restara apenas a casca carbonizada e negra, sem mais nenhum resquício de vida, sem nenhuma possibilidade de voltar a viver. Até que, um dia, alguém despertou minha curiosidade nessa paisagem desolada.

Quando iniciei a leitura, uma das coisas que me empolgou foi ver que o enredo se passava em Jequié, na Bahia, mostrando as belezas da cidade. Além disso, gostei muito de os personagens principais serem pessoas comuns, sem os encantamentos e exageros sobre beleza e dinheiro. Aurélio e Carina têm, cada um ao seu modo, medos, inseguranças e relutam muito para viver o amor  ele principalmente. 


É muito triste você saber que não é querida, que ninguém liga para o que acontece com você.

No início da resenha, quando comentei sobre o livro ser um conto de fadas moderno, é porque ele nos faz lembrar muito de A Bela e a Fera. É inevitável. Aurélio sofre com o preconceito devido à sua aparência, sendo chamado muitas vezes de monstro. Isso o faz viver recluso e achar que não está apto para encontrar o amor ou formar uma nova família. Somado a isso, ele não se imagina "traindo" o amor da esposa falecida. A vida de Aurélio é, inegavelmente, marcada por muita dor. Carina, por sua vez, é uma mulher linda, mas que se esconde por trás das inseguranças e da vida complicada que escolheu para si, presa a coisas que nunca a fizeram feliz.


— Para mim, você é uma pessoa, um homem como qualquer outro, que tem qualidades e defeitos. Não é melhor, nem pior do que eu e, por isso, não tem o direito de me destratar.

A aproximação do casal é muito conturbada e Aurélio, muitas vezes, é grosseiro e despreza Carina porque ele mesmo se deprecia o tempo inteiro e acha que ninguém conseguirá passar muito tempo ao seu lado ou nutrir algum sentimento por um homem marcado pela dureza da vida. É possível perceber que Aurélio perdeu a fé e a esperança em si mesmo, e o trabalho de Cal é árduo. Até mesmo nas vezes em que ela pensa que desistiu dele, o amor que sente por Aurélio é tão grande que Carina se livra de todas as barreiras para encher seu amado de amor e fazê-lo perceber que nem mesmo as marcas em seu corpo o fazem inferior a alguém.


— A beleza mais importante não é a aparência externa.

O problema entre o casal é, sem dúvida, a falta de diálogo em alguns momentos e as deliberações de ambos, cada um chegando a conclusões equivocadas algumas vezes. Em alguns momentos isso incomoda, mas funciona para o andamento da história. Além disso, quando menos esperamos, o pai de Carina tenta se envolver no relacionamento do casal da pior  e mais arcaica  maneira possível. Felizmente, Cal é uma mulher corajosa e que luta pelo que acredita. Mesmo que ela erre algumas vezes, é impossível não amá-la e admirar a mulher destemida que é.


— Porque meu amor por você é tão grande que eu desejo que você seja feliz, mesmo que não possa ser comigo. Sua felicidade me faz feliz.


O romance é narrado em primeira pessoa, alternando o ponto de vista da narrativa entre Carina e Aurélio. Alguns trechos são bem poéticos e nos mostra sobre a necessidade de acreditarmos no amor. Achei a história linda pelos detalhes que fogem do comum, mas que a autora soube muito bem agregar ao enredo. Para quem gosta de histórias comoventes, vale muito a pena ler este livro!


— Não se preocupe em ver. Se preocupe em sentir.

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