Título: O castelo de vidro
Direção: Destin Cretton
Roteiro: Andrew Lanham, Destin Cretton
Elenco:
Brie Larson
,
Naomi Watts
,
Woody Harrelson
,
Max Greenfield
,
Ella Anderson
,
Sarah Snook
,
Olivia Kate Rice
Jeannete Walls (Larson) é uma jornalista em Nova York, que tenta se desvencilhar dos embaraços criados por sua família extremamente excêntrica. Enquanto tenta lidar com os problemas causados por seu pai, Rex Walls (Harrelson), a vida passada de Jeannete nesta família problemática torna-se cada vez mais díspar com a sua vida atual e ela, eventualmente, tem que tomar uma decisão: perdoar ou não.
O que se espera de um drama
familiar? Uma família problemática, excêntrica, que passa por crises e
separações, mas, pelas entrelinhas do roteiro, mostra o amor incondicional que
os une, apesar das palavras ditas. O
castelo de vidro tem tudo isso, mas o importante é: tudo isso executado de
forma competente, produzindo um dos filmes mais emocionantes dos últimos tempos
e com certeza uma das melhores atuações de Woody Harrelson.
Para
muitos, a história de Jeannete Walls (Brie Larson) pode ser familiar. Um homem
de personalidade, princípios e visão fortes, mas atormentado pelos próprios
demônios, domina completamente a vida de sua família, que vive à mercê de suas
excentricidades e alimentada principalmente pelos seus momentos de ternura e
palavras sonhadoras. Rex Walls (Woody Harrelson) é um personagem de uma
profundidade exemplar, e quanto mais o conhecemos na tela, mais difícil fica
amá-lo ou odiá-lo. Nos resta, então, passar pela experiência assim como
Jeannete Walls: oscilando entre a indignação e a admiração, o ódio e o afeto. Em
uma viagem extremamente divertida, interessante e cativante, nossos próprios demônios
vem à tona, de modo que a experiência pessoal de cada um será, sem dúvida,
única.
Woody
Harrelson, no meio de um elenco talentoso e atuações competentes, revela todo o
seu potencial como um ator capaz de uma representação poderosa. A atuação de
Harrelson se encaixa perfeitamente na personalidade de Rex: um arquétipo
americano do homem independente, veterano de guerra e alcoólatra. Um personagem
pós-guerra em seu primor, lidando com as adversidades de seu estilo de vida
nômade e com o desgosto pela frágil aparência das gerações seguintes. Naomi
Watts e Brie Larson também brilham, mantendo o nível da produção do início ao
fim.
Temos
a oportunidade de ver um homem que, à medida que luta contra os próprios
traumas, forma os traumas com que sua família haverá de lidar. E, no entanto, vendo o filme não nos sentimos
ansiosos demais para julgar. Uma mulher que, mesmo querendo o melhor para sua
família, se vê dominada pela impetuosidade do marido em comparação à sua falta
de iniciativa. E finalmente, crianças que, em meio a esses dois extremos, não
tinham nada além de si mesmas.
Em
suma, não se trata de um filme onde muitos julgamentos sejam úteis. Sendo uma
história real, traz pessoas reais, nem boas nem ruins, heroínas ou vilãs,
apenas seres humanos reagindo uns aos outros enquanto tentam consertar a
confusão dentro de si mesmos. Dependendo da própria experiência de vida do
espectador, o filme pode ser, quem sabe, difícil de ver (mas ainda assim
emocionante). Pode ser também uma experiência extremamente prazerosa regada por
bem vindas lágrimas ocasionais, que, neste filme, são principalmente motivadas
por momentos de ternura e felicidade. Como cada um reagirá, não se pode dizer.
O que se pode dizer é: não deixem de ver este filme.
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