Crítica | Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos

Título: Teu mundo não cabe nos meus olhos
Direção: Paulo Nascimento
Elenco: Edson Celulari, Soledad Villamil, Leonardo Machado, Giovana Echeverria, Roberto Birindelli e Zé Victor Castiel
Classificação:
Sinopse: O pizzaiolo Vitório (interpretado por Edson Celulari) é cego desde seu nascimento. Dono de uma pizzaria cujo foi herdada por seu pai no bairro paulista do Bixiga e é considerada muito famosa graças a qualidade de suas massas. A cegueira nunca foi um impedimento de felicidade na vida do protagonista ou de sua família. Um dia, contudo, a descoberta de uma possível reversão a condição de Vitório levantará diversos medos, dúvidas e discussões dentro do círculo familiar do pizzaiolo, podem levar os laços aos seus limites.

Muitas ideias por nada


O diretor e roteirista Paulo Nascimento (Em Teu Nome, de 2010, e A Oeste do Fim do Mundo, de 2013) traz mais uma reflexão para as telonas por meio do seu novo longa-metragem. Intitulada Teu mundo não cabe nos meus olhos, a película chega para o grande público nessa quinta-feira com o objetivo de emocionar e causar uma reflexão acerca das possibilidades, individualidades e escolhas. Existem diversas ideias bem claras ao decorrer do filme para tentar alcançar essa meta de reflexão, mas isso não se concretiza. Dessa vez Paulo Nascimento errou feio.

Em suma, a dinâmica da narrativa existe para que o público repense o seu olhar sobre aqueles que são considerados "deficientes" no sentido pejorativo da palavra. A personagem de Edson Celulari se põe na trama exatamente como uma pessoa que, apesar de não enxergar, é tão capaz, eficiente e feliz como qualquer outra. Ou seja, uma das temáticas principais é a revisitação e remodelagem de preconceitos humanos. Outra vertente dessa reflexão fílmica se encontra nas relações estabelecidas entre Vitório e as outras personagens, em especial a sua esposa (Soledad Villamil), filha (Giovana Echeverria) e o seu amigo e garçom da pizzaria (Leonardo Machado).

A problemática dessas reflexões está na má construção da narrativa. Paulo Nascimento parece ter se perdido em meio as suas ideias belíssimas de igualdade e reflexão social. No fim das contas, o roteiro – e, por consequência, o longa – se tornam um amontoado de muitas ideias que acabam por não expressar nada. É necessária uma entrega excessiva e irreal do espectador para que ele se sinta abraçado por todas essas filosofias de mudança. As cenas, os diálogos e a interação entre as personagens é forçada e muitas vezes até mecânica, fazendo com que não haja a emoção que o drama pede para comover e tocar as pessoas.

Além da falha na direção e no roteiro, as interpretações deixam muito a desejar. O elenco foi bem escolhido, coeso até, mas a maneira como a película é construída acaba por privar que os atores possam fazer algo minimamente verdadeiro. As interações durante as cenas são algo desesperador de tão falso, chegando a afligir qualquer pessoa que tente suportar os 93 minutos de filme. Por conta disso – e para surpresa de todos – uma das atuações menos assustadoras é a de Giovana Echerrevia, cujo papel é sem sal e bem falho. Nem mesmo Celulari e Soledad, os quais são bons atores, se salvam dessa confusão cinematográfica.

Muitas ideias de uma só vez. Um roteiro confuso ao lado de uma direção igualmente falha. Atuações sem pé nem cabeça. Tudo isso misturado geraram um filme cheio de falhas. Uma produção cujo potencial era absurdo acabou por se tornar um emaranhado sem sentido. Quem sabe da próxima vez Paulo Nascimento consiga trazer para as telonas um trabalho a altura de seu talento.

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