Direção: Jon Turteltaub
Elenco: Jason Statham, Li Bingbing, Rainn Wilson, Ruby Rose, Winston Chao e Cliff Curtis
Classificação:
Sinopse: A
tripulação de um submarino fica presa na fossa mais profunda do Oceano
Pacífico após ser atacada por uma criatura pré-histórica. O até então
tido como extinto Megalodonte cerca o submarino e se mantém à espreita para atacá-lo. Para tentar resgatar a equipe antes que ela morra – seja sem oxigênio ou pelos afiados dentes do tubarão pré-histórico de 20 metros – o oceanógrafo chinês, Dr. Zhang (Winston Chao), contrata o mergulhador, Jonas Taylor (Jason Statham),
por sua experiência com resgates em águas profundas. Agora Jonas terá
que enfrentar mais do que a difícil missão de salvar a tripulação do
submarino, ele terá que enfim derrotar o seu já conhecido adversário, o Megalodonte.
A escolha errada que tirou de Megatubarão a chance de ser um marco no gênero para se tornar um filme esquecível
Em 1963, o mestre do suspense, Alfred Hitchcock, entregou um dos primeiros trabalhos que marcariam uma vertente dos gêneros de terror e suspense. Nesse ano, com a estreia de Os Pássaros, o público começou a dar atenção para as películas que usavam os animais como representação dos maiores medos humanos. Entretanto, só com a estreia de Tubarão,
de 1975, dirigido pelo brilhante Steven Spielberg, que o subgênero se
concretizou e teve seu auge durante a década de 1970. Duas décadas
depois, o cinema resolve dar vida a novas produções que seguiriam essa
premissa, como as franquias Anaconda (1997 – 2009) e Pânico no Lago (1997 – 2018), existindo, inclusive, um crossover entre as duas em 2015 intitulado Pânico no Lago: Projeto Anaconda. Mais recentemente, o canal Syfy trouxe ao público Sharknado (2013 – 2018), a franquia trash do subgênero.
Por conta de todos esses projetos cinematográficos – tenham sido seus resultados bons ou ruins –
foram eles os responsáveis por perpetuar a ideia do subgênero. Graças a
isso, essa semana os cinemas ao redor do mundo terão a oportunidade de
presenciar mais uma dessas produções. A Warner Bros. Pictures lança o longa-metragem Megatubarão
como uma tentativa de reviver a tensão do clássico de 1975 de uma
maneira mais leve e que alcance um público maior. O problema de toda
essa ideia é que nada consegue alcançar a maestria do trabalho de
Spielberg, ainda mais quando se tenta popularizar um filme como esse. Todos os elementos cômicos – como as personagens de Rainn Wilson e Page Kennedy – e a escolha de um ator conhecido por seus trabalhos em longas de ação como Jason Statham para ser a estrela do filme, são motivos que impedem uma segunda dose do que foi Tubarão.
O grande erro da produção foi acreditar que apenas a mistura entre a premissa do clássico de Spielberg, a presença de Statham e bons efeitos especiais seriam o suficiente para sustentar a obra. Baseado no livro de Steve Alten, Meg: Um romance de terror profundo, a película falha com o intuito da obra literária de Alten e da
obra cinematográfica de 1975. O teor da história demanda algo mais
sombrio, mais brutal. Não só o subgênero pede por essa vertente mais
gore como a narrativa também. É evidente em vários momentos da trama que
falta algo. E o erro nesse tom do filme faz uma diferença enorme no
resultado final da produção.
Tecnicamente não existem muitos erros no novo trabalho da Warner Bros., sendo o maior deles a falta da verdadeira essência dark que a história pede. A parte técnica é razoável, o diretor faz algumas referências interessantes ao clássico Tubarão,
o teor de tensão é quase agradável e o elenco desempenha seu papel de
acordo com o que foi pedido. Dessa forma, não há culpa em setor x ou y
pelo resultado bem esquecível dessa obra. Tudo isso foi devido a uma
única escolha: fazer um filme sobre uma criatura assustadora da maneira
mais leve e familiar possível. Essa decisão é comprovada
em todas as cenas de ataque do tubarão, uma vez que essas não são
assustadores, e com os momentos de comédia estrelados por Wilson e
Kennedy, cujo se mostram bem desnecessários quando comparados a real proposta de uma história como essa.
The Meg
(título original) é a prova viva de que, em alguns casos, um filme pode
ser coeso com a sua intenção, ser bem executado e, mesmo assim, não ser
nada extraordinário. Por conta da decisão do estúdio de tornar o filme o
mais democrático possível, ele eliminou
suas chances de verdadeiramente ser um terror (ou até mesmo thriller)
cujo medo vem de algo comum, como um animal. Ou seja, a tentativa de se
igualar ao brilhante marco do subgênero falhou. A tentativa de criar uma
atmosfera aterradora também falhou. A obra do Megalodonte
acaba sendo apenas mais um filme que pode vir a ter uma bilheteria
interessante, mas que não marcará a memória do público e acabará sendo
esquecido com o tempo.
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