Título: Roma
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso Cuarón
Elenco: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Jorge Antonio Guerrero, Marco Graf, Daniela Demesa, Diego Cortina, Carlos Peralta, Nancy García e Fernando Grediaga
Classificação:
Sinopse: O cenário conflituoso da Cidade do México de 1970 será o pano de fundo para a história de Cleo (Yalitza Aparicio). Empregada doméstica de uma família classe média, a jovem verá a sua rotina e a de seus patrões se transformar completamente ao longo dos conturbados acontecimentos cotidianos ao longo de um ano. A força dos eventos provará para Cleo a sua capacidade de resiliência e, para a família de empregadores, a vitalidade dessa silenciosa mulher em suas vidas.
Roma: a obra de arte que imita a vida
A temporada de premiações de 2019 já começou. O Globo de Ouro e o Critics’ Choice
Awards – dois dos maiores prêmios do cinema e da televisão –
aconteceram nas últimas semanas e já mexeram com o mercado
cinematográfico. Graças a mais um trabalho primoroso do diretor e
roteirista Alfonso Cuarón, o novo filme da Netflix levou para casa um total de seis prêmios. Roma foi o longa-metragem mais premiado do último domingo (13). Na noite do Critics’ Choice Awards, o trabalho do diretor mexicano ganhou nas categorias “Melhor Fotografia”, “Melhor Filme em Língua Estrangeira”, “Melhor Diretor” e ainda foi escolhido como o melhor longa do ano.
A nova obra de Cuarón
é palco de comentários no mundo cinematográfico desde o Festival
Internacional de Cinema de Veneza de 2018, onde o longa foi consagrado
com o Leão de Ouro – prêmio máximo da cerimônia. A temática, a estética e
a história por trás do filme envolveram público e crítica na sua
primeira exibição em setembro do ano passado. A aclamação é inevitável, Cuarón
conseguiu compor uma obra-prima para sua carreira. O longa, que está em
exibição em alguns cinemas e disponível na plataforma da Netflix, deixa
uma dúvida: quantos prêmios ele ainda levará para casa. Pela frente
ainda acontecerão inúmeras premiações – dentre elas as mais importantes
do meio cinematográfico como o SAG Awards, BAFTA e o Oscar. As apostas
já foram feitas e as expectativas estão altas.
Alfonso Cuarón se tornou o nome número 1 das premiações. As suas múltiplas habilidades têm
sido agraciadas com diversos prêmios nessa temporada de cerimônias e
está ganhando força para se tornar um forte concorrente ao Oscar. O
diretor, roteirista e produtor mexicano traz para o público, desde 1991,
uma carreira recheada de trabalhos sensíveis ornados por uma estética
impecável. Roma, sua mais nova obra-prima, é mais uma amostra do trabalho excepcional que Cuarón
é capaz. Cada plano, cada sequência e cada jogo de câmera foram
meticulosamente pensados desde a criação da história. As
paisagens capturadas pelo olhar do diretor são personagens a parte que
constroem uma narrativa ainda mais rica e real. Roma é um presente aos
olhos, um abraço quente ao coração e um lembrete a mente.
O roteiro do longa, também assinado por Cuarón,
traz as lembranças pessoais do diretor para as telonas. Essa mutação de
memórias em arte resultou em uma das histórias mais sensíveis e
verdadeiras já vistas nos últimos anos. A construção da narrativa é
sustentada por um vislumbre do cotidiano disfuncional de uma família
classe média. A alma da história é a personagem de Yalitza Aparicio,
cujo é uma espécie de guia espiritual para as outras personagens e para
o público. A jovem empregada personifica a inocência e a alegria
juvenil enquanto lida com a vida real e todos os seus males. A dureza da
realidade é a forjadora dos acontecimentos essenciais da trama,
conduzindo as personagens e o público numa jornada sobre amadurecimento e
simplicidade.
A
escolha do filme ser preto e branco foi uma ideia ousada. Não é um
fator nem um pouco comercial, mas, se bem feito, pode conquistar a todos
com imagens belíssimas – e foi justamente o que aconteceu. Cuarón, que também assume a função de diretor de fotografia, capturou algumas das imagens mais lindas do cinema em 2019. A estética p&b da produção deu
ainda mais força e presença às paisagens da Cidade do México de 1970. O clima de outra
época, a aura pura da história e a rigidez da realidade aplicada ao
conturbado período produziram uma bela fotografia merecedora de todos os
prêmios possíveis.
A
missão de transmitir memórias através do cinema não era fácil. A
história poderia ter se tornado monótona ou desnecessária, mas, em vez
disso, a narrativa de Roma foi brilhantemente costurada com seus acontecimentos e personagens. A presença das atrizes Yalitza Aparicio e Marina de Tavira
foi uma peça-chave para dar liga a verdade que é transmitida através da câmera. As suas interpretações foram brilhantes e
fundamentais para a construção dessa narrativa real.
Em meio a essa avalanche de elogios e prêmios é inevitável questionar como serão as premiações que estão por vir. As apostas estão baseadas no padrão do Critics’ onde o longa-metragem levou os prêmios de “Melhor Fotografia”, “Melhor Filme em Língua Estrangeira”, “Melhor Diretor” e “Melhor Filme”. A aclamação e a qualidade do filme são tamanhas fazendo de Roma um dos maiores cotados para o Oscar de Melhor Filme de 2019. Quem sabe a 91ª edição do Academy Awards não tenha um ganhador mexicano nas principais categorias de sua cerimônia. Independentemente do resultado que vier daqui para frente, 2018 será lembrado como o ano de Roma.
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