Crítica | A vida Invisível


Título original: A Vida Invisível de Eurídice Gusmão.
Elenco: Carol Duarte, Julia Stockler, Gregório Duvivier e Fernanda Montenegro.
Diretor: Karim Aïnouz
Gênero: Drama
Notinha: 10

Sinopse:

Rio de Janeiro, década de 1940. Eurídice (Carol Duarte) é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida (Julia Stockler) é sua irmã mais velha, e o oposto de seu temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor com Antenor (Gregório Duvivier).



CRÍTICA

Sabem aquele filme começa tranquilo, cotidiano, sutil mesmo e vai crescendo e ficando grandão na sua frente, e enquanto encara a grande tela do cinema você percebe que foi capturadx de tantas formas? Pois bem, é sobre isso que vou tentar traduzir em palavras .

A história nos apresenta duas irmãs vivendo o Rio de Janeiro da década de 30, filhas de portugueses e bastante unidas, confidentes e entre si muito diferentes. Guida é impetuosa e com opiniões fortes sobre a criação conversadora da época, já Eurídice é uma aprendiz de piano, quieta e doce que vê na irmã seu amuleto e faz tudo que a mesma pede, mesmo sem concordar.


Então o filme deixa muito claro, como a estrutura patriarcal do nosso país atravessa a vida dessas duas irmãs de muitas maneiras diferentes, fazendo com que tenham a vida que tiveram e tendo apenas a lembrança do vínculo que um dia tiveram na juventude seguem suas vidas, enquanto o Brasil se transforma, e podemos acompanhar a relação entre crescer numa sociedade que o tempo todo diminui, subjuga, limita e impede que as mulheres possam experimentar aquilo que desejam é sintomático e é retratado muito bem no roteiro amarradinho e sensível na vida das irmãs.

Sem dúvidas todas as atrizes brilham demais no longo fortemente marcado pelo protagonismo feminino, mas a Julia Stockler que faz a irmã mais velha inconsequente e passional, brilha com uma naturalidade e faz sua, a Guida uma personagem que no primeiro momento é atrevida e egoísta mas com o desenvolvimento cresce muito e amadurece em frente aos nossos olhos e muito disso é graças a interpretação dessa baita atriz, que ao menos eu não conhecia (descobri essa semana que está também no elenco da novela das 18h "Éramos seis"), e vamos ficar de olho nessa mulher e seus trabalhos futuros ou passados!

A outra protagonista Carol Duarte (Eurídice) já conhecida do grande público, tendo sido revelada na novela também da rede globo Força do Querer de 2017 e apesar de não ser tão expressiva e competente quanto sua colega, dá na medida do possível conta do recado.

Para vocês terem uma ideia da competência da maior atriz que esse país já teve e no auge dos seus recém completos noventa anos de idade, Fernanda todos os adjetivos possível Montenegro ilumina a tela mesmo sendo uma participação, mais do que especial num momento super emotivo do longo, e tudo que vou dizer para não entregar muito.

Mais uma obra para a conta do nosso cinema brasileiro, fazendo o trabalho que muitos querem impedir que as artes façam que é transportar o público para um lugar de emoção, reflexão, crítica e identificação sempre que possível. Escrevo essa crítica com profunda alegria e orgulho do que estamos entregando para o Brasil e para o mundo. Na torcida para que o Oscar nos conceda a indicação de filme estrangeiro e que possamos concorrer com outros tantos, se não for assim já levamos o prêmio de Cannes desse ano "Um certo olhar" e viva as liberdades criativas individuais e coletivas!

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