Direção: Greta Gerwig
Roteiro: Greta Gerwig, Louisa May
Alcott
Elenco: Saoirse Ronan, Emma
Watson, Timothée Chalamet, Florence Pugh, Laura Dern, Meryl Streep, Eliza
Scanlen
Classificação:
Gênero: Drama, Literatura
Sinopse: As irmãs Jo (Saoirse
Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh)
amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados
Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes,
elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas
outras.
Resenha:
Entra em cartaz esta semana mais
uma adaptação do clássico literário Little Women (ou, na tradução
brasileira, Mulherzinhas) escrito por Luisa May Alcott, publicado
originalmente em 1868 e ainda assim, um texto extremamente atual. Na historia o
foco está nas irmãs Jo (a escritora), Meg (a atriz), Amy (a artista) e Beth (a
musicista), que tentam passar pela puberdade da forma mais visceral que podem,
numa época em que tudo que se é esperado de uma mulher é que ela consiga um casamento
bom, ou toda sua família estará fadada ao fracasso.
Greta Gerwig fez escolhas muito
assertivas na direção e no roteiro, bebendo da fonte do material original até
onde era possível, se preocupando em mostrar os nuances de cada personalidade e
fazendo com que o publico não só se identifique com as personagens, mas também
se importe com elas. E digo ELAS, já que, tirando Timothée, o elenco principal
é majoritariamente feminino, algo raro nos longas hollywoodianos.
Narrativamente a paleta de cores
auxilia o espectador a compreender os tempos em que o enredo se passa. A época da
inocência, sonhos, paixões e descobertas é retratada e tons quentes e calorosos,
enquanto as dores da realidade e frustrações são retratadas em tons mais frios
e cinzentos. Tudo aqui está em seu devido lugar. A trilha, o cenário, o roteiro,
a direção, mas nada supera o brilho do elenco escolhido a dedo. Todos, sem
exceção, nos transportam para seus ideais, valores e angustias com tamanha naturalidade
que fica impossível não se envolver com cada um deles. Porém é a personagem de
Saoirse que traz os questionamentos mais importantes e é exatamente aqui que Adoráveis
Mulheres, transcende as barreiras do cinema para se tornar uma grande carta
de amor.
Jo March grita sua essência. Ela não
quer casar, ela não acredita que uma mulher bem-sucedida se resume a estar
casada com um homem rico. Ela quer trilhar o seu próprio caminho e ser uma
escritora. Intrinsecamente, ela influencia suas irmãs a ter seus próprios sonhos,
desenvolver suas próprias habilidades e não ceder ao que a sociedade determina.
Mas há um radicalismo no que ela acredita ser o certo que não a permite ver que
sonhos diferentes dos seus não significam que são menores. Outro ponto
importante é compreender que as vezes lutar todo o tempo é ... cansativo. E é aqui que tudo se torna especialmente belo.
Todas quatro, no cerne do seu ser, compreendem o quão complicado é ser uma
mulher, o quanto suas escolhas pesam muito mais do que as dos homens, mas ainda
assim, é necessário fazê-las, é necessário que haja mudanças. Não é possível parar o tempo. Não é possível ser
adolescente pela eternidade.
Adoráveis Mulheres é um
filme bonito, com um enredo relevante a nossa sociedade. Ainda que seu texto original
tenha um século e meio, trata com bom humor as divergências da vida, com leveza a busca pela igualdade, as diferenças
e obstáculos que o gênero feminino encontra em seu caminho, mas primordialmente
mostra que a amizade dessas irmãs tão distintas e complexas pode superar qualquer
barreira.
Boa sessão para você!
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