O Caçador e a Rainha
do Gelo (The Huntsman Winter’s War,
EUA, 2016)
Direção: Cedric Nicolas-Troyan
Roteiro: Craig Mazin, Evan Spiliotopoulos.
Elenco: Chris Hemsworth, Jessica Chastain, Emily Blunt, Charlize Theron, Nick Frost, Rob Brydon, Sheridan Smith, Alexandra Roath, Sope Dirisu, Sam Hazeldine, Sam Claflin
Duração: 114 minutos.
Direção: Cedric Nicolas-Troyan
Roteiro: Craig Mazin, Evan Spiliotopoulos.
Elenco: Chris Hemsworth, Jessica Chastain, Emily Blunt, Charlize Theron, Nick Frost, Rob Brydon, Sheridan Smith, Alexandra Roath, Sope Dirisu, Sam Hazeldine, Sam Claflin
Duração: 114 minutos.
Sinopse: A
sinopse desse filme é algo complicado. O primeiro ato do longa se define como prequel explicitado pela incessante e
mal utilizada narração em voz over a
fim de conferir aquele ar de contos de fadas – até os 40 minutos do filme, o
narrador se faz presente. Logo entendemos que Ravenna tinha uma irmã chamada
Freya, porém, após uma catástrofe na vida pessoal da jovem moça, Freya, tomada
por ódio, se transforma na Rainha de Gelo – simples assim, fique com muita
raiva e desperte o mutante que há dentro de você. Com aversão à irmã, ela foge
para o Norte onde estabelece seu próprio reinado independente e totalitário
sequestrando crianças e as treinando para virarem sua própria tropa pessoal de
“Caçadores”. Nisso, entendemos a origem do Caçador e de seu interesse
romântico, Sara. Então se passam sete anos, após os eventos do filme anterior.
O espelho mágico de Branca de Neve foi roubado. Acreditando que há um grande
mal o envolvendo, o Caçador parte com alguns anões para reaver o artefato,
porém ele terá que enfrentar a ira de Freya e do retorno de uma grande inimiga.
Resenha
Não passa nem ao menos um mês que
logo outra adaptação de “releitura” de contos de fadas surge nos cinemas.
Semana passada, apontei como Mogli era
outra obra pertencente a esse nicho do studio
system da Disney. Entretanto, O
Caçador e a Rainha de Gelo não é um filme da Disney, mas sim da Universal, prequel e sequência direta do insosso Branca de Neve e o Caçador, filme de
2012 mais lembrado por polêmicas de fidelidade amorosa do que por seus próprios
méritos.
Convenhamos, bater em um filme
desses é uma tarefa fácil. Não há desafio, não há segredos, não há sutilidades
em um texto tão descartável e enlatado como esse escrito por Craig Mazin e Evan
Spiliotopoulos. Mais uma vez, uma obra que você já milhares de vezes antes em
tantos outros filmes que podem ou não compartilhar a mesma temática. O que
temos é uma verdadeira mistura de Game of
Thrones, Harry Potter, Frozen, Alice no País das Maravilhas, Senhor dos Anéis e
Homem-Aranha 2 – obviamente se trata
de uma cópia de péssima qualidade de arquétipos já explorados nesses filmes.
A iniciar, o longa é trágico em
conferir qualquer apelo emocional em seus personagens. Porém, pasmem, há
conflitos relevantes ali, porém as soluções são tão rasteiras ou pouco críveis
que é difícil perdoar.
Isso afeta principalmente Freya, personagem que tem um
arco muito interessante graças à tragédia que desperta seu poder congelante.
Assim entram traumas e as buscas, inconscientes ou não, para tentar “solucioná-las”
que por sua vez acabam criando mais traumas e conflitos ridículos. Há uma
descrença e repulsa ao amor e afeto humano que parte dessa nova antagonista,
mas nada é de fato bem explorado ou contestado com firmeza por outro
personagem. Aliás, os lados antagônicos entre Freya vs. Eric, o caçador, e Sara
surge exatamente por conta dessa proibição do amor em seu reinado. É piegas,
diversos outros filmes já batalharam em nome do “amor”, além de não adicionar
nada de novo a este clichê já tão consolidado.
Aliás, o festival de clichês não
termina aqui. Esse longa possui incontáveis. Temos amuletos de amores passados,
um conflito amoroso cheio de progesterona vs testosterona, alguns deus ex machina de mulher salva homem, artefato envolto por maldade que atrai e
corrompe pessoas fascinadas, alívios cômicos toscos, casais forçados, amores
proibidos, revelações rápidas dos talentos marciais dos protagonistas, namoros
noturnos, motivação da vilã baseada na extinção do amor, etc. Pior é admitir
que Freya, mesmo sendo essa Elsa do mal, tinha grande potencial de conflito
graças a essa abordagem sombria e adulta que a franquia recebe.
O mínimo a se esperar era um
trabalho decente com o protagonista, já que Branca de Neve está longe dos holofotes,
mas novamente, a dupla torpe aposta no medíocre e acerta no péssimo. A
transformação que Eric passa em sua jornada é banal tendo mais a ver com a
reconciliação de um amor do passado. Não há um escopo satisfatório em seu backstory, na relação com Freya e até
mesmo com Sara, apesar dos esforços dos roteiristas com em tornar o amor dos
dois algo crível. Com Sara temos os mesmos problemas, mas com a desvantagem de
contar com menos tempo em tela. Se torna tão banal quanto. Os anões servem para
pouco ou nada.
Os diálogos também não ajudam por
serem tão histéricos e caricatos chegando ao cúmulo do ridículo – pelas tantas,
como se já não estivesse claro, Freya grita que é proibido amar em seu reino.
Aliás, esta é uma grande mania que o texto possui: ser autoexplicativo. Ele
reitera os fatos do filme anterior, reitera fatos do próprio filme e descreve
as ações já vistas em tela – claro que tudo isso feito pela tosca narração over.
Mas nem tudo é catástrofe, pois
os cidadãos conseguem escrever coisas horrendas que se provam boas depois de
desenvolvidas. Isso tange ao espelho. Com essa nova característica de entidade malévola,
o filme quase exime a responsabilidade dos atos insanos de Ravenna no passado.
Porém, isso tudo é bem resolvido resultando em um ótimo caso de “as aparências
enganam”, além de tornar crível o retorno de certa personagem. Também é boa a
ideia tateada com o sequestro das crianças por Freya e sobre seu significado,
mas a condução é péssima. É engraçado notar como eles pensam nas pausas
destinadas ao desenvolvimento de seus personagens, mas que sempre ficam
restritas à mediocridade vide a total falta de talento e esforço em criar uma
história, de fato, boa.
No clímax, as coisas pioram ainda
mais com o ressurgimento de Ravenna. Restando poucos minutos de projeção, os
dois tem a coragem de adicionar mais um conflito (clichê) em potencial a
respeito da manipulação que Freya sofre com a bruxa má. O plano do Caçador para
resolver toda a situação é estúpido (reconhecido pelo próprio roteiro), a
resolução é previsível além de contar com uma reviravolta tão pouco sutil
quanto.
Resumindo, o texto de O Caçador e a Rainha do Gelo é o que há
de pior nesta produção, mas algumas outras áreas tentam disputar o prêmio
também. A começar temos o desconhecido Cedric Nicolas-Troyan na direção que
pertencia a Rupert Sanders no primeiro filme – após os causos com Kristen
Stewart, foi um consenso da produção afastá-lo da franquia.
Troyan é um diretor estreante,
mas que já trabalhou em outras produções como supervisor sênior de efeitos de
computação gráfica. Logo não há um desastre completo, apenas besteiras de um
diretor sem firmeza ante um produtor lunático que subestima seus espectadores.
O trabalho dele é bem medíocre sem dúvidas, porém há cuidado em diversas
composições e movimentos de câmera. Ou seja, foi pensado antes de apertar o
botão de gravar.
Ele respeita muito o trabalho de
Sanders deixando a concepção visual quase intocada, mas isso vem mais do
trabalho excepcional do cinematografista Phedon Papamichael, do design de
produção de Dominic Watkins e dos figurinos absolutamente magníficos de Colleen
Atwood – caminhando seguramente para outra indicação ao Oscar graças aos
vestidos diversos e delicados que ela apresenta ao longo do filme.
O fotógrafo ainda mantém os tons
monocromáticos de outrora, tudo cinzento, reprimido e morto. Boa parte por
conta dos contrastes clássicos do preto e branco, porém Troyan quebram essa
chatice monocromática ao longo do filme em diversas oportunidades dando mais
variação ao trabalho de Papamichael que trabalha tanto com luz dura ou soft, iluminação barroca e naturalista,
cores dessaturadas com o reino de Freya e tons pulsantes cheios de vida nas
cenas dedicadas ao florescimento do amor dos protagonistas. É um uso óbvio de
iluminação e cor, porém como se trata de Papamichael, o resultado nada mais é
do que espetacular.
Não falhando somente à técnica,
Troyan é péssimo com os atores. Hemsworth está no automático pensando apenas no
dez milhões de dólares que lucrou aqui fazendo os tipos clássicos de seu Thor.
Chastain se diverte, um pouco, mas logo ela desiste de levar o filme a sério
entregando uma performance aceitável. Emily Blunt consegue criar bem Freya
expressando bem a dor da personagem e suas neuroses, mas ao decorrer do filme,
assim como Chastain, acaba em uma atuação tão gélida quanto sua personagem.
Já o retorno também milionário de
Charlize Theron é o ponto alto para acordar um pouco o espectador. Como o
público parece ter gostado bastante de sua última performance, Theron aposta
nas mesmas fichas, ou seja, na atuação caricata ao encarnar Ravenna. Porém,
mesmo eu achando tudo muito histérico e tosco, é inegável que ela dá nova vida
ao filme. Preenche a tela, envolve bastante com suas risadas malignas, poses de
diva e caretas vilanescas. Algo bizarro que chega a ser paradoxal de tão ruim
que se torna tão bom. Ela poderia entregar um ótima Rita Repulsa nesse novo Power Rangers.
O Caçador e a Rainha do Gelo é mais um desses filmes para preencher
cota de lançamentos dos filmes de verão, mas isso não é justificativa para o
resultado ser tão genérico e preguiçoso mesmo apresentando conceitos interessantes
tanto no roteiro quanto na direção. O elenco nada inspirado falha em cativar, mas
o apuro estético das áreas técnicas é exemplar. Toda a preguiça de outros
setores foi compensada pelo esforço dos departamentos artísticos que só
apresentam coisas belas e adequadas àquela diegese – repare no piso que forma
um tabuleiro de xadrez no palácio de Freya. Uma pena imaginar que este é o
primeiro e, por enquanto, único filme onde vemos algumas das maiores atrizes da
atualidade contracenar juntas de modo tão frio, desprovido de paixão.
Oi, tudo bem? Eu estou um pouco chocada que suas expectativas do filme não foram tão boas. Eu vi o trailer e achei que seria genial a obra, mas acho que me enganei. Então melhor tirar a dúvida logo e assistir o filme.
ResponderExcluirBeijos!
http://oreinoencantadodeumaleitora.blogspot.com.br/