Resenha: Assassin's Creed - Heresia | Christie Golden

Título: Assassin's Creed - Heresia
Autor: Christie Golden
Editora: Galera Record
Páginas: 326
Classificação:  Nenhum texto alternativo automático disponível.
SinopseNo nono capítulo literário da eterna batalha Assassinos x Templários pelo poder dos “Pedaços do Éden”, Simon Hathaway, um alto executivo da empresa Abstergo Entertainment, procura descobrir, utilizando a tecnologia Animus, como utilizar o pedaço do eden número 25 que esteve em posse de La Pucelle no meio da guerra mais duradoura que se tem relatos (116 anos), através do personagem Gabriel Laxart. No meio disso, descobrirá, assim como outros, que há mais nessa batalha atemporal do que ele pode perceber...
                                             
Si cor est non fortis, rumpit.

Disclaimer:

Primeiramente, é necessário falar que a Christie Golden é uma das maiores – se não a maior – alquimista em transformar obras desenvolvidas para games em arcos literários. Desde que eu comecei a ler a autora com Marés da Guerra advindo do jogo Warcraft virei um fã, pois perceber a evolução intensa nesse tipo de literatura. Fica o meu sonho caso ela escreva sobre Resident Evil algum dia, será a colisão de duas grandes forças.

Outro disclaimer: o livro possui vários personagens. Só vou falar do principal na resenha. Todos os outros, eu vou fazer um glossário no final. Talvez funcione, talvez não, mas bora realizar essa tentativa...

                                             Resenha

Como eu disse na Sinopse, é o sétimo livro do mundo de Assassin’s Creed, mas, como os leitores são rotativos, vale a pincelada no que é/representa esse Universo.
Assassin’s Creed conta a história do credo dos Assassinos que tinha por premissa, a proteção da humanidade, mas considerando a todos como indivíduos. Do outro lado da balança, temos os Templários que buscam a mesma coisa, entretanto, a base do poder. Para ficar mais fácil, seria a diferença entre o todo é maior que as partes (pensamento Templário) e cada indivíduo pode fazer a diferença (Assassinos). Esse conflito aconteceu diretamente e abertamente em vários momentos da história contemporânea – as cruzadas, Grandes Navegações, Renascimento, Revolução Industrial, Revolução Francesa, Independência Americana e agora, durante a Guerra dos Cem Anos. E, na literatura há uma clara divisão referente ao lado que os protagonistas representam.

Dito isso, além da batalha atemporal, existem itens de grande poder que são armas deixadas pelo que os dois lados chamam de “Anteriores”, seres que apareceram antes e deixaram as “armas” – esse sendo o aspecto fantasioso do livro.

No capítulo atual, a Abstergo Entertainment, empresa controlada pelos Templários, tem em Simon Hathaway, uma possibilidade de acompanhar a história de La Pucelle que, na guerra, lutou pela França quando eles não fugiam com o rabo entre as pernas. E, supostamente, esteve em posse do Pedaço do Eden 25. Tal relíquia já está em posse dos Templários, mas não funciona e a chave está nas memórias genéticas de Simon.

Simon descende de um francês chamado Gabriel Laxart. Ele supostamente viveu durante a guerra e foi testemunha ocular de La Pucelle e viu os poderes da relíquia. Portanto, a missão de Hathaway é descobrir como a relíquia funciona para que, no presente, ela funcione como uma arma contra os Assassinos.

Sobre o estilo de escrita, ele funciona em dois tempos. Durante três anos (01/05/1428 até 30/05/1431) na história da Guerra dos Cem Anos e nos tempos atuais em Londres. O protagonista precisa encontrar a chave para a utilização da relíquia dos templários, num prazo mínimo de 1 semana. Aliás, que vilão meio merda esse Alan Rikkin, meu Deus do céu. É um daqueles vilões que querem poder por poder e simplesmente isso. Obviamente ele não era o cerne do livro, mas talvez um desenvolvimento melhor, embora a saga não tenha terminado e é bem provável que ele volte...

A relação de Simon com outra personagem é também pouco explorada nesse livro, Anaya tem um papel chave na história, talvez servindo como contraponto para amenizar o que o livro chama de Efeito Sangria.

Sobre a ferramenta Animus utilizada por Simon para reviver os eventos de seu antepassado, ela dá a dinâmica do livro. Quando, no Animus, o livro fica mais fluido, como se o Efeito Sangria descrito no livro ocorresse com o personagem e o leitor. O ponto crucial do Animus é a possibilidade de interação entre o dono das memórias (Simon) e Victoria Bibeau, dentro da vivência de Gabriel Laxart. Por fim, a grande característica do Animus é fazer com que Simon e o leitor fossem expectadores da história. Pra mim, há uma quebra da quarta barreira, sutil, como se saísse o Simon e entrasse a Christie contando a história na fogueira de um acampamento.

Há um problema sobre esse tipo de escrita. Ela pode gerar uma confusão em um leitor desavisado (há autores que especificam a passagem de tempo e os que deixam o contexto dizer em qual momento o leitor se encontra), a autora escolhe o mais simples, datando os anos de La Pucelle e a semana de Hathaway. A cada capítulo há a data, se tratando do passado, viajando por Donrémy (local de nascimento de La Pucelle), Vaucoleurs, Chinon, Poitiers, Nancy, Orléans, a batalha de Les Tourelles. E eu me permito parar por aqui. Afinal, a Ode desse livro de Assassin’s Creed é todo de uma das damas mais fodas da Europa Medieval...

La Pucelle

La Pucelle significa “a donzela” de Órleans que, no meio da guerra de Cem Anos, aparentemente recebeu um chamado divino a recuperar a França do domínio Inglês. E aí... adivinharam que é “La Pucelle”?. Acho que já está na hora de parar de fazer suspense pra você, leitor, que chegou até aqui.

Trata-se da Santa francesa Joana. Joana D’Arc. A guerreira. A santa. A louca. A donzela de Orléans (pois, durante a guerra, ela venceu os ingleses na cidade de Orléans, sua primeira grande vitória).

Todos os livros de Assassin’s Creed são/se tornam Odes a grandes nomes da história: Leonardo da Vinci, os Bórgias, Barba Negra, George Washington, Napoleão Bonaparte e, estava demorando, finalmente veio a Joana.

Contextualizando, durante a guerra de Cem Anos, a Inglaterra estava vencendo, quando uma jovenzinha em uma cidade “Donremy” acreditava ouvir vozes que diziam que a França deveria ser liberta do jugo inglês e coroar um novo rei (Delfim). Então, ela, devota, seguiu as “vozes” e liderou um exército para libertar a França. O livro relata 3 batalhas de Joana (2v1d), em Orléans e Las Tourelles, suas vitórias e Paris, sua derrota.

Os fatos históricos sobre a Ascensão e a queda da Donzela são reais. Ler sobre a queda dela devido a fraqueza francesa (historicamente já bem conhecida), deu uma tristeza, que foi replicada em Gabriel, Simon e em mim. Livros com viés históricos geralmente fazem isso comigo. Pro lado da homenagem (quando o personagem histórico em questão é GIGANTE, como a Santa Joana), e quando você, leitor, sabe que a realidade, inevitavelmente, vai mostrar suas garras – ler sobre Goebbels e Himmler, os dois piores seres humanos que a terra fabricou, mesmo que no romance do Ken Follett me deu ânsia. Talvez por me imaginar nesses contextos, percebendo que a época seria crucial para o meu agir, caso fosse possível viver naquela realidade com o Animus.

E a ode foi mesmo uma homenagem. Acho que ela foi uma das primeiras mulheres a se provar a todo momento, sendo que no fim, foi acusada de heresia e de traição – coisa que Joana sempre teve medo. Talvez um presságio de como a sua história terminou.

Honestamente eu gosto de ler sobre mulheres que fizeram a diferença em algum momento, e a história de Santa Joana é uma daquelas que faz com que diversos sentimentos sejam potencializados. E a Christie Golden soube transmitir essa sensação para esse que vos escreve.

Concluindo...

Christie Golden é O NOME quando se trata de realizar a migração da mídia games para a literatura. Talvez por acrescentar fatores que apenas acrescentem a obra no geral, por isso é tão respeitada e admirada. São raros que conseguem realizar essa migração com maestria, tamanha a dificuldade e exigência dos fãs da obra – e aqui, me permito falar que outra história escrita por ela (Warcraft) é deveras grandiosa e, se Assassin’s Creed seguir com ela na autoria, só tem a ganhar.

O livro não é apenas um livro divertido e fácil de ler (somando as horas, li em menos de 24...), mas capaz de, em vários momentos, querer que o leitor avance páginas para acompanhar a trajetória de La Pucelle. Não consigo lembrar algum livro que li que fez com que eu desejasse tanto “fugir” da história principal para acompanhar a “secundária”. E não que a principal fosse ruim, tirando pelo vilão que, dificilmente consigo lembrar de algum pior em literatura, mas porque não é todo dia que somos presenteados com uma Ode a essa personagem histórica fantástica, Santa Joana.

Recomendo com força a leitura e advirto ao leitor que: si cor est non fortis, rumpit (se o coração não é forte, se quebra).

Glossário:

Assassin’s Creed – jogo de videogame desenvolvido pela Ubisoft Entertainment que relata a batalha entre Assassinos e Templários que ocorre nos dias de hoje e ocorreu em vários momentos distintos da história. Tem como pano de fundo a busca a certos itens que possuem poder para dominar a humanidade. Atualmente foram lançados 07 jogos para as plataformas Sony e Microsoft.

Animus – Máquina que permite a um descendente de personagens históricos a visitar o passado, vivido por seu antepassado. Nos games, a base é a “alteração” de eventos, ou a realização dos mesmos, já na literatura, os personagens apenas “acompanham” os destinos de seus antepassados, viajando por suas memórias.

Efeito Sangria - Reação ocorrida em alguns experimentos humanos do Animus que, em contato extremo com as memórias de seus antepassados, não conseguiam separar as personalidades de seu eu com a do antepassado em questão. 

TEMPLÁRIOS

Jacques de Molay – fundador e grão mestre dos templários. Por volta do século XIV foi acusado de traição e heresia, sendo queimado na fogueira – coincidentemente como a nossa heroína – para proteger todo o credo Templário.

Simon Hathaway – Diretor de história da empresa Abstergo Entertainment. Acredita que a história da Santa Joana é a chave para recuperar o poder da relíquia Pedaço do Eden número 25. É descendente de Gabriel Laxart, que acompanhou de perto a história de Joana e utiliza o Animus para vivenciar a história de Laxart e verificar se suas suspeitas estão corretas

Victoria Bibeau – uma psiquiatra responsável por cuidar da saúde mental de Simon enquanto o mesmo encontra-se no Animus. Eventos indiretos do passado ainda assombram a personagem que faz de tudo para manter sua reputação.

Anaya Chodary – Técnica de segurança digital da Abstergo, teve uma relação acima de amigável com Simon, mas por causa do temperamento dele, “deram um tempo”. Percebe que há uma conspiração que tenta impedir que Simon alcance seu objetivo e tenta protegê-lo. É determinada e alcança um cargo de diretoria em Montreal – Canadá.

Alan Rikkin – um dos diretores da Abstergo Entertainment. Está em posse da relíquia 25, portanto, diretamente interessado na pesquisa de Simon, mas possui interesses secretos que vão além da Ordem Templária.

ASSASSINOS


Jean de Metz – um dos escudeiros de Robert de Baudricourt, responsável por conduzir Joana ao encontro de Delfim, o rei previsto pelas vozes de Joana. Também responsável pelo treinamento incompleto de Gabriel Laxart. Acompanha La Pucelle durante boa parte de sua jornada.

Iolanda de Aragão – sogra de Delfim e uma Assassina. Desempenha um papel crucial durante a jornada de Joana, mas não é como o esperado.

PERSONAGENS HISTÓRICOS

Joana D’Arc – ver capítulo La Pucelle (porque né, o glossário tá dando trabalho, e escrever tudo de novo? Jamais)

Gabriel Laxart – antepassado de Simon e testemunha ocular – ao ponto de ser a Testemunha de Joana. Nutre uma paixão avassaladora pela heroína, entretanto, devido a missão dela, os sentimentos são suprimidos. É treinado por Assassinos, mas se revolta com eles pois (bom, spoiler. Aqui chegaste e daqui não passarás)

Jean de Dunois – Conhecido como Bastardo de Orléans. Responsável por auxillar Joana a encerrar o cerco a Orléans que já durava sete meses.

Étienne de Vignolles – conhecido como La Hire. Outro dos responsáveis pela vitória em Orléans. Não acreditava em Joana até essa batalha sendo expectador da vitória em Orléans, seguiu Joana até sua primeira derrota...

William Gladsdale – Comandante de “Las Tourelles” – a batalha mais sangrenta de Joana, presenciou o poder de Joana na derrota em Orléans e, por fim, morreu em Las Tourelles.

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