Crítica | Não Olhe


Título original: Look Away
Direção: Assaf Bernstein
Roteiro: Assaf Bernstein
Elenco: India Eisley, Jason Isaacs, Mira Sorvino
Gênero: Horror, Thriller
Nacionalidade: EUA
Classificação:
Sinopse: Uma solitária jovem de 18 anos não encontra suporte familiar e nem amigos para que possa desabafar sobre os problemas de sua vida. Cansada, ela começa a conversar com o próprio reflexo no espelho apenas para externalizar sua angústia, mas rapidamente descobre que está trocando de lugar com uma espécie de clone que tenta convencê-la a tomar atitudes vingativas.

Crítica

Apesar da tradução desconexa do título, o filme vale o tempo. O horror cadenciado de Assaf se adensa cuidadosamente conforme apresentação do contexto da personagem. A mãe que nunca superou um trauma, a família se sustenta no casamento ruído que por sua vez afeta na desconexão emotiva e frustração familiar para com a Maria (India Eisley) que é a ponta solta.

Das questões técnicas, planos, fotografia, escolha de locação, trilha sonora além da brilhante interpretação de Jason Isaacs sustentam a trama adequadamente junto com a protagonista India Eisley. Tudo está articulado em sintonia. Nenhum enquadramento é gratuito. Os sons desenham os momentos adequadamente, não se tem exageros. O filme não possui jump scare e todo o horror fica nas mãos do elenco que sustenta o filme até a última cena.
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Jason Isaacs interpreta Dan.
A narrativa é um livro aberto. Há inúmeras sugestões para as questões de Maria que sugerem inicialmente esquizofrenia no início. Eis a minha teoria.

As reações e não reações dela são a válvula motor da história. Parece que a personagem desenvolveu um alter e projeta nele tudo o que não quer associar diretamente a sua imagem, sugerindo dissociação. O espelho aqui é a grande sacada. Através do espelho, Assaf nos apresenta de maneira brilhante a dualidade da personagem que ao mesmo tempo em que aparenta fragilidade é capaz de desenvolver ações de consequências potencialmente destrutivas.
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Na cena tem-se Maria interpretada por India Eisley
A sensação que se tem é de que Maria aguardava uma situação favorável para intervir com o que já se passava em sua cabeça. Com isso ainda é possível inferir que o filme se propõe a apresentar sinais típicos que favorecem o desenvolvimento da psicopatia no indivíduo. Isolamento social, pouca ou nenhuma afetividade recebida em seu ambiente familiar, sofrimento físico ou trauma psicológico violento de natureza diversa são os exemplos principais.

A trama ganha um novo fôlego a cada nova proposição. E esse é o ponto que o roteiro perde um pouco do seu fôlego ao dar a sugestão de mudança de foco ao que se propõe no início. Ao mesmo tempo em que o espectador é dessensibilizado de culpar Maria por conta de seu sofrimento ele é posto sob avaliação para os atos que são desencadeados. Em resumo, a história apresenta o conflito humano em seu mais puro estado.

Extra: Para quem apreciou a interpretação de Jason Isaacs e o estilo desse filme, recomendo A Cure for Wellness do diretor Gore Verbinski.

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