Crítica | Nós

tulo Original: US

Direção: Jordan Peele
Elenco: Lupita Nyong'o, Winston Duke, Elisabeth Moss e Tim Heidecker
Gênero: Terror
Sinopse: Uma mãe (Lupita Nyong’o) e um pai (Winston Duke) levam seus filhos para sua casa de praia esperando se desligarem e se descontraírem com os amigos (incluindo Elizabeth Moss). Conforme a noite chega, a serenidade transforma-se em tensão e caos quando alguns visitantes chocantes chegam sem serem convidados.
 
                        Crítica


Jordan Peele se consolida como um dos grandes diretores de horror da atualidade. Em "Nós" ele consegue criar um filme que dialoga tanto com o grande público que busca apenas diversão com a fatia do público que busca ir além e espera uma crítica profunda sobre a sociedade.


No longa acompanhamos uma família que tem a sua vida colocada em risco no momento em que a sua casa é invadida por "clones". É nesse ponto que Peele se mostra genial, nos colocando para enfrentarmos o nosso reflexo, nos colocando no lugar do próximo e entendendo como o processo destrutivo da sociedade que pode nos levar a barbárie e a questão dos imigrantes nos EUA. Isso se reflete já no nome original do filme, "US", "U.S.". Captou? 

A direção é conduzida com a sutileza de um maestro do incômodo. Inicialmente Peele não poupa o espectador de ser introduzido naquele universo sem pressa, com calma se utilizando de ângulos que mostram através do olhar da pequena Adelaide cada detalha do que está sendo apresentado, a sensação de estranheza causado pelas lentes se reflete através do ambiente, das pessoas, das cores pesadas e da trilha sonora.

A preocupação e a inteligência de Peele em criar um filme político fantasiado de blockbuster ficam claras no decorrer do filme, com grandes homenagens a clássicos do terror dos anos 80 e 90 e a diretores que certamente fazem parte da sua vida como realizador e cinéfilo como Wes Craven, Carpenter, Shyamalan e Hitchcock, ele consegue subverter de uma maneira fantástica os clichês clássicos do cinema de horror além de invocar o Peele do passado introduzindo o humor de uma forma muito inteligente.

Muito disso é impulsionado pela fotografia brilhante do Mike Gioulakis, do excelente trabalho de montagem do filme e da trilha sonora de Michael Abels, que é um deleite. Tanto na construção da tensão, quanto no simbolismo imersivo que a trilha causa no espectador.

O elenco principal tem Winston Duke (Pantera Negra) muito bem no papel de marido da Adelaine, Shahadi Wright Joseph e Alex Evans como o casal de filhos, vale pontuar a qualidade das crianças que representaram bem demais os papéis, com um destaque para a Shahadi e sua interpretação  e principalmente a Lupita Nyong’o, que tem uma atuação magistral como a protagonista Adelaine.

Quando representa a Adelaine se mostra uma mulher que vive assombrada com seu trauma e o crescimento do personagem para enfrentar o seu reflexo como a força central da sua família naquela situação e na atuação como o seu do doppelgänger parece ser uma outra pessoa, com trejeitos, expressões forma de falar e se mexer e um ódio latente que contrasta com o seu "eu original".

"Nós" é uma obra-prima recheada de simbolismos e crítica além de ser tecnicamente perfeito. Peele corre o sério risco de ganhar mais uma estatueta.

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